Então quer dizer que você anda brincando com jQuery. Volta e meia utiliza uns plugins que mais parecem mágica e se duvidar até se aventurou em criar o seu próprio, acertei?
Acontece que, caso você já saiba desenvolver os seus, talvez possam existir melhores formas de escrevê-lo. Será que você está seguindo as melhores práticas? Será que realmente entende o que está acontecendo por trás de cada linha?
Hoje vou tentar responder as dúvidas mais frequentes, explorando as melhores práticas para se construir um plugin. E no fim lhe mostrar um padrão interessante que você pode seguir agora que já entendeu os conceitos.
A ideia aqui não é simplesmente mostrar como criar um plugin, mas sim como criar direito, explorando tudo o que o jQuery tem de melhor para nos oferecer.
Por que eu deveria construir um plugin?
Encapsulamento e reaproveitamento de código, essas são as palavras-chave. Se você está codificando algo que talvez sirva para futuros projetos, pode ser uma boa encapsular tudo isso em um plugin.
Entendi, quero criar um! Como faz?
Existem diversas formas, mas vamos começar com essa:
Esse é o mínimo que você precisa para iniciar o desenvolvimento de um plugin, basta adicionar uma propriedade ao $.fn.
Por mais trivial que isso possa parecer, muita gente não entende o que está acontecendo por trás disso exatamente. Portanto, antes de evoluirmos esse padrão, vamos recorrer ao código fonte da biblioteca, na sua versão mais recente, para entender de verdade esse pequeno trecho de código.
O que significa o cifrão ($) ?
O famoso $ nada mais é do que um “apelido” para o objeto jQuery. Próximo ao fim do código fonte da biblioteca encontramos a seguinte definição:
Isso significa que o mesmo objeto em memória pode ser referenciado de diversas formas: window.jQuery, window.$, jQuery ou simplesmente $.
Qual a diferença entre $.meuPlugin e $.fn.meuPlugin?
Possivelmente você já se deparou com plugins que não utilizavam a propriedade .fn. Mas afinal, por que eu deveria utilizar o .fn? Por que não apenas $.meuPlugin ao invés de $.fn.meuPlugin?
Novamente, ao nos aventurarmos no código fonte percebemos, logo nas primeiras linhas, como o objeto jQuery é definido.
Note que jQuery é uma função e no Javascript uma função é também um objeto do tipo Function. Por isso jQuery.meuPlugin (ou $.meuPlugin) irá atribuir meuPlugin para o objeto jQuery do tipo Function.
Dito isso, voltamos ao código fonte e veremos que jQuery.fn é a mesma coisa que dizer jQuery.prototype.
Portanto, a cada vez que você atribuir uma função (ou propriedade) para jQuery.fn, como em $.fn.meuPlugin, a função estará disponível para todas as instâncias desse objeto.
Isso é importante, pois quando você invoca a função $(), como em $(“#algumID”), uma nova instância é criada nessa linha:
E essa instância terá todos os métodos que atribuirmos ao prototype, mas não todos os métodos que foram atribuídos direto ao objeto Function.
Logo, vá de .fn.
Evite conflitos
Sabia que existem outras bibliotecas Javascript que também utilizam o símbolo cifrão para referenciar seus objetos? Pois é, isso pode lhe causar uma baita dor de cabeça se utilizar apenas aquele primeiro padrão proposto.
Logo, uma boa prática seria encapsular a lógica do plugin em uma função anônima. Assim, garantimos que não irá haver conflito entre o $ do jQuery com o $ de outras bibliotecas.
Dessa forma mapeamos o $ para que não seja afetado por nada fora desse escopo.
Não quebre a corrente
Então, você já entendeu como funcionam algumas coisas, vamos criar nosso primeiro plugin! Começaremos com o clássico exemplo de um Tooltip (aquelas caixinhas que aparecem no mouseover).
Criamos então a chamada para o plugin a partir de determinado seletor:
E código do nosso plugin ficará definido assim:
Aparentemente tudo certo, já que o plugin funciona direitinho, certo?
Na verdade não, pois dessa forma estamos ferindo um dos princípios importantes que diferem os plugins bons dos ruins, e esse princípio se chama encadeamento.
No jQuery é muito comum vermos declarações do tipo:
Isso, porque é possível encadear diversas chamadas, a um mesmo seletor. E uma excelente prática por sinal, já que não criamos diversas instâncias como em:
Para permitirmos comportamento similar com nosso plugin basta retornar o this.
Assim, além de garantirmos o encadeamento, também manipulamos a coleção passada para o plugin através do método each, muito similar a um loop com for por exemplo.
E que tal se evoluíssemos nosso plugin e resolvessemos passar como parâmetro a cor de fundo do nosso elemento.
Agora preparamos nosso plugin para receber os parâmetros através da variável options e aplicamos a propriedade corDeFundo no background.
Maravilha, funcionou! Mas o que acontece se você resolve mais tarde não passar como parâmetro a cor de fundo? Nosso plugin quebra.
Portanto, não podemos nos esquecer de que precisamos nos preparar para receber esse conjunto de opções e assegurar que, caso não seja passado nenhum valor como parâmetro, nós possamos lidar com valores padrão.
Para isso recorremos a função $.extend que irá buscar os valores passados pela variável options e mesclar com os valores definidos na variável defaults, armazenando em outra variável chamada settings.
A procura da batida perfeita
Esse é só o começo para você que deseja se aprofundar um pouquinho mais nessa arte de criar plugins, para entender mais visite o guia oficial.
Mesmo que a ideia de se formar um padrão único para criar plugins seja utópico, sugiro fortemente que dê uma olhadinha no jQuery Boilerplate, lá você vai encontrar um padrão bem sólido para iniciar seus projetos, sem contar que a versão traduzida para português foi lançada hoje!
Mas se o buraco for mais em baixo e você for lidar com plugins stateful que controlam o estado dos objetos, confira o jQuery UI Widget Factory.
Lembre-se que o jQuery não é apenas uma caixa preta que faz mágicas pra você. Aventure-se no código fonte e verá que não é nada muito diferente do que você já faz com JavaScript puro.
E é isso, espero que depois desse artigo, você tenha evoluido de um simples “manipulador de plugins” para um criador de fato. Até a próxima!