A internet faz você feliz?

O mundo está mudando, e para melhor. Segundo Rafael Calvo, pesquisador do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Sydney, estamos entrando rapidamente numa nova fase no desenvolvimento e design de softwares. Nesta nova etapa da computação, produtividade e eficiência não serão mais os únicos critérios para mensurar o sucesso de um sistema. Para

O mundo está mudando, e para melhor. Segundo Rafael Calvo, pesquisador do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Sydney, estamos entrando rapidamente numa nova fase no desenvolvimento e design de softwares. Nesta nova etapa da computação, produtividade e eficiência não serão mais os únicos critérios para mensurar o sucesso de um sistema.

Para Calvo, essa nova fase é parte de uma saga em inovação na área de UX. Num primeiro estágio, nos preocupamos em criar sistemas que tivessem usabilidade, e, num momento posterior, que sustentassem hábitos. E agora o foco está em criar sistemas que nos façam não somente mais inteligentes, produtivos e sociais, mas também mais felizes e bem-vindos.

Calvo é autor de Positive Computing, livro que sustenta a ideia de que devemos inserir os conceitos de felicidade e bem estar ao delinear um software. As ideias do pesquisador têm chamado a atenção de muita gente do Google, Facebook e MIT. Há um mês, tive a oportunidade de assistir a sua palestra no MIT, aqui, em Boston.

Segundo Calvo, numa primeira fase, a computação foi impulsionada por produtividade e eficiência, onde os usuários eram vistos como máquinas (como se as pessoas estivessem interessadas somente em aumentar a sua produtividade e eficiência). Hoje buscamos mais das tecnologias. Não basta que nos tornem mais produtivos, inteligentes e sociais, queremos também nos sentir mais felizes e realizados.

Essa mudança na expectativa sobre o que as tecnologias podem fazer por nós teria surgido por várias razões:

1) A partir do momento em que softwares passam a fazer parte de cada aspecto da vida das pessoas, estas passam a esperar mais das tecnologias (não só aumento de produtividade, comunicação rápida ou eficiência).

2) A ideia de que é impossível mensurar de forma científica felicidade e bem estar tem sido deixada de lado. É inegável que ainda existe pouca experiência em medir tais aspectos no desenvolvimento de software; entretanto a área de “interação humano computador” (HCI) vem colocando essas questões há bastante tempo.

A rigor, felicidade e bem estar têm sido mensurados por economistas, psicólogos e governos. A ONU tem o seu próprio índice de felicidade – World Happiness Report. Já o governo britânico produz periodicamente um relatório sobre felicidade e bem estar, o qual é utilizado como referência para criar políticas públicas.

3) Recentes avanços em tecnologia de dados, affective computing e computing vision abriram consistentes caminhos para avaliar a felicidade e a realização dos usuários. E isso pode ser usado como métrica e referência na hora de projetar um software.

Como tudo isso acontece na prática? Na área de softwares para tratamento médico, faz bastante sentido. Entretanto envolve repensar e criar funcionalidades que realmente promovam o bem estar, como desenvolver uma arquitetura que evite o bullying numa rede social.

As ideias de Calvo demonstram uma vez mais que o desenvolvimento de software vem cada vez mais bebendo na fonte de outras áreas. O que o pesquisador da Universidade de Sydney faz é mesclar ideias da psicologia positiva com das ciências da computação. E isso é bem interessante e inspirador.

Positive computing é mais um exemplo de como nós, desenvolvedores, designers e tecnologistas, estamos sempre questionando a forma como fazemos as coisas. E essa é uma das características mais bacanas de se trabalhar com tecnologia: estamos num ambiente onde é normal questionar o que até então era tratado como verdade absoluta.

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