Camadas de desenvolvimento client-side

Esse artigo foi publicado originalmente na Revista TIDigital de Abril de 2009. A utilização de tabelas no desenvolvimento web foi um marco na história. Pode ser estranho falar isso, mas a verdade é que antes das tabelas os sites eram feios. As tabelas possibilitaram a criação de sites com 3 colunas. Você pode estar pensando

Esse artigo foi publicado originalmente na Revista TIDigital de Abril de 2009.

A utilização de tabelas no desenvolvimento web foi um marco na história. Pode ser estranho falar isso, mas a verdade é que antes das tabelas os sites eram feios. As tabelas possibilitaram a criação de sites com 3 colunas. Você pode estar pensando que isso não é grande coisa. Mas em meados de 1996-97 isso era nirvana do design para web. As tabelas possibilitaram uma nova realidade para os designers. Foi uma mão na roda naquele tempo. Mas o desenvolvimento com tabelas é algo realmente doloroso. Controlar o layout sem influenciar a programação é um trabalho difícil de se fazer, que encarece o serviço.

Um dos principais problemas do desenvolvimento com tabelas é a mistura das camadas. Nós não conseguimos dividir o desenvolvimento em camadas. As três principais camadas, que você já deve conhecer são: informação, formatação e comportamento. 
O HTML é responsável pela camada de informação. É ele que vai definir importâncias e significado para toda a informação que consta no site. Essa camada é especialmente importante. Os buscadores e os leitores de tela dependem de um HTML bem escrito e semântico para que funcionem plenamente.

O CSS é responsável pela camada de formatação. É ele que vai controlar todo o visual e estruturação do site.

O Javascript e o Ajax controlarão a terceira camada que define qual será o comportamento dos elementos manipulando o código CSS.

A divisão por camadas é a alma do novo desenvolvimento para web. Pouquíssimas pessoas sabem das influências que ela pode trazer, não apenas no código do site, mas também em toda a organização da equipe em empresas. Hoje há especialistas em HTML e CSS, coisa que nunca imaginaríamos no começo da web. Empresas fazem questão de treinar em HTML e CSS, profissionais das suas equipes, que cuidam de Arquitetura de Informação e Usabilidade, mesmo que eles não trabalhem diretamente com o código client-side. Isso faz com que toda a equipe se transforme e saiba das possibilidades e limitações dos projetos.

Durante muito tempo agências web achavam que o desenvolvedor deveria ser uma espécie de canivete suiço. Lembro-me que haviam empresas que procuravam designers que soubessem duas ou três linguagens server-side e programadores que entendessem bem de photoshop, fireworks e illustrator. Pague o salário de um e leve dois. Contudo, também haviam profissionais que achavam que ele deveria ter exatamente este perfil. Talvez por pressão do mercado ou até mesmo porque ninguém entendia direito esse negócio de web.

Quando comecei a ministrar cursos e palestras em empresas sobre este assunto, eu me assustava com a falta de conhecimento e interesse dos profissionais. Eles estavam desenvolvendo a anos utilizando tabelas para a estruturação, sem separar as camadas e fazendo todo o processo de desenvolvimento linearmente. Então chega alguém e diz para eles que está tudo errado e eles precisam reaprender. Eu também ficaria assustado com isso.
Outro ponto ruim era o preconceito com novas idéias. Eu já cheguei a perder uma oportunidade em uma empresa de web porque eu não desenvolvia para Netscape 4 e não fazia sites utilizando o Dreamweaver. O mercado tinha um cenário muito diferente do que temos hoje.

Os novos desenvolvedores nasceram sabendo que estruturação de sites se faz com divs e CSS. E que tabelas servem para exibir dados tabulares. Eles nem imaginam que antes nós quebrávamos nossas cabeças para criar sites arrasadores com uma infinidade de tables, tds, trs, tags fonts e centers. Melhor para eles. Melhor para o mercado.

Dar atenção a um código XHTML bem escrito, com uma bela formatação CSS, significa que o site poderá ser bem acessado por um público ampliado. É abrir portas para deficientes e usuários de diversos dispositivos. É melhorar a indexação em buscadores e facilitar o desenvolvimento de novas versões. É fazer com que a equipe trabalhe independentemente. Isso aumenta as vendas e as possibilidades de novos negócios, idéias, entre outras possibilidades.

Estou feliz porque os browsers também mudaram sua maneira de olhar as coisas. O pessoal que desenvolve o Internet Explorer está com a mente aberta para novidades. A Guerra dos Browsers ainda não acabou, e provavelmente está longe de acabar. Acontece que a Guerra de hoje é mais saudável. Todos ganham. Principalmene usuário final e desenvolvedores. Os fabricantes de browsers descobriram que há caminhos mais inteligentes de conquistar os usuários.

Não sei se estou conseguindo fazer-me entender. Mas quero que você olhe com outros olhos o código HTML, CSS, Javascript, Microformats e qualquer outra linguagem que trabalhe no cliente.

Os padrões web não estariam tão em foco hoje se essa importância não fosse tão explicita.

O que me empolga mais é que daqui pra frente o mercado de desenvolvimento para web tende a ficar mais interessante. Idéias de novos meios de acessar a web estão surgindo todos os dias. Não demorará muito para acessarmos a internet de outros dispositivos que não sejam smartphones e desktops. A internet está se tornando realmente popular agora. Mais empresas descobriram que a internet é algo que pode trazer lucro e abrir novas oportunidades. Uma pena que elas tenham aberto os olhos apenas em tempos de crise. Mas isso é uma outra história.

Este artigo foi originalmente publicado na Revista TIDigital do Mês de Abril de 2009

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