Artigo originalmente publicado no meu blog no Medium.
Quando montei esse título eu sabia que ia ser polêmico e sabia que haveria um burburinho nos corredores das interwebs. E sabe de uma coisa? To me lixando para que os outros falam por aí.
Quando conversei com o Zeno horas depois de ter tido a ideia, expliquei os motivos para ele e comentamos sobre coisas que acontecem conosco por causa dessa “popularidade” na área. Eu realmente não quero que você seja o próximo Zeno Rocha. Não mesmo. O Zeno é o Zeno. Ele percorreu o caminho dele. Chegou longe e sei que vai chegar mais longe ainda. Mas uma coisa é certa: talvez você chegue mais longe sendo você mesmo do que querendo ser o Zeno.
Sobre admitir que você é popular
Isso é difícil. Bastante. Como você diz que você é popular na área em que atua sem parecer arrogante, prepotente, mala ou um metido de nariz empinado? Não dá. A galera vai te interpretar mal. Eu nunca soube fazer isso e não sei fazer até hoje. É por esse motivo que muitas vezes, no início da minha carreira, eu me escondia nos eventos, não usava os crachás com meu nome e essas coisas. Leva tempo para assimilar. Mas admitir que você é popular tem mais a ver com as atitudes que você vai tomar dali pra frente do que se importar com o que os outros vão falar. É muito sobre como você vai lidar com a situação de ser popular e como você vai usar essa vantagem (eu seria imbecil de dizer que isso não é uma vantagem) para melhorar sua carreira e claro, ajudar outros devs.
E sabe de uma coisa? Tem que ter coragem para bater no peito e admitir para você e para os outros que você é uma estrelinha na área. Não é questão de ser humilde. É questão de entender qual o seu papel na vida dos outros, na sua carreira e principalmente na sua própria vida.
Cansei de receber emails de devs iniciantes dizendo que queriam ser igual a mim. Percebi logo que isso não era saudável para o cara do outro lado e muito menos para mim. Você precisa sim, seguir os passos de alguém. Isso é algo inteligente de se fazer. É assim que a humanidade evolui. Mas entenda: seguir os passos de alguém não quer dizer que você tenha que ser a outra pessoa. O Zeno foi ele mesmo durante todo o caminho. Eu fui eu mesmo durante todo o meu caminho e você precisa ser você mesmo, seguindo o seu caminho. Se não, você vai falhar.
Quando eu tinha minha empresa, contratei um consultor de negócios para nos guiar. No início ele quis entender qual o papel da empresa e dos sócios no mercado, como atuávamos e qual a nossa influência na área. Quando ele soube que eu era um cara popular no meio, ele disse assim: “O que você vai fazer quando não for mais o garoto do momento?” Eu admito que nunca havia pensado naquilo e isso ficou martelando durante alguns dias na cabeça. Me fez pensar bastante sobre várias coisas, principalmente em como eu estava usando ou subutilizando a minha imagem no mercado.
“Work hard, never stop learning, create remarkable things, help others and always stop to enjoy the moment. It’s really that simple.” – @dcancel
Quando eu (ele) me convenci que um dia esse dia chegaria eu fiquei mais tranquilo e entendi que esse é o fluxo natural (e saudável). A popularidade vem e vai. Se você não está preparado pra isso, seu ego explode e te leva junto. Um dia vão parar de falar o seu nome para falar o nome de outra pessoa. Foi o que aconteceu comigo, várias vezes. Não só o Zeno, mas outros caras apareceram e vão continuar aparecendo. E sabe de uma coisa? É importante que isso aconteça. Você é forçado a reavaliar os seus erros e principalmente a avaliar o que os outros fizeram e o que você não fez para chegar lá. Mas o segredo é fazer essa avaliação AGORA, sendo ou não popular.
Sobre mudar o mundo
Outra coisa que é difícil de entender, é que nem todo mundo nasceu pra mudar o mundo. Talvez você não fique popular. Talvez você não seja reconhecido pelas pessoas que você ajudou. Talvez você fique chateado e descubra que web não é a sua praia, embora você queira muito que seja. Se isso acontecer, esse processo pode ser feito em outro mercado, em outra área, com outras pessoas. Você só precisa desses três componentes básicos e estará a salvo: vontade, tempo e curiosidade. Estes seriam os componentes importantes para qualquer tarefa que precise ser executada.
Quando resolvi fazer um artigo com o título “Não seja o próximo Zeno Rocha” um monte de bundões interpretaram errado. Mas pra você que é inteligente o bastante, vai perceber que o que eu quero mostrar nessa palestra é que qualquer um pode chegar lá sem ser o Zeno, o Maujor, o Eduardo Shiota, o Fernando Vieira, o Diego Eis, Leo Balter, Lucas Mazza, Jean Carlo Emer, Jaydson Gomes, Bernard de Luna, Daniel Filho, Almir Filho, Caio Gondim ou qualquer outro desenvolvedor conhecido na área, mas sendo você mesmo. Com as suas características e habilidades.
Eu ia falar bastante sobre outras atitudes que você pode fazer pra alavancar sua carreira e sua popularidade no evento do Tableless, mas se eu tivesse que adiantar apenas uma dica, ela seria essa: ajude e ensine outros devs.
Muito provavelmente eu não deveria ter publicado este artigo. Mas já que foi, espero que não o interprete errado. A dificuldade de falar desse assunto é inversamente proporcional à facilidade dos trolls de serem imbecis.
PS.: Ah, esse artigo absolutamente não tem nada a ver com o outro que escrevi dias atrás chamado “Sobre os pavões do front-end“.