Sobre comunidade e respeito

Acho que eu consegui palestrar no lugar mais longe em toda minha carreira. O nome da cidade é Ji-Paraná, fica em Rondônia, a 367km de Porto Velho. Eu não sabia muito bem o que iria encontrar, mas aceitei o convite do André para falar no Dia do Bit. Chegando em Ji-Paraná, encontrei cerca de 80

Acho que eu consegui palestrar no lugar mais longe em toda minha carreira. O nome da cidade é Ji-Paraná, fica em Rondônia, a 367km de Porto Velho. Eu não sabia muito bem o que iria encontrar, mas aceitei o convite do André para falar no Dia do Bit.

Chegando em Ji-Paraná, encontrei cerca de 80 jovens desenvolvedores, com uma média de menos de 25 anos. As palestras eram sobre diversos assuntos ligados à desenvolvimento web. Falamos sobre Ruby, UX, Front-end, Back-end e uma série de outros assuntos. Foi uma ótima experiência e um ótimo trabalho do organizador (sim, um cara só com a ajuda de parentes), que teve a coragem de organizar um evento desse tipo em Rondônia. E sem saber, ele está iniciando o que pode se tornar uma grande comunidade em uma lugar onde o mercado está emergindo. É assim que funciona a construção de uma comunidade forte. Enquanto alguns perdem tempo tirando fotinhas “sacanas” em eventos alheios, outros caras estão preocupados em realmente ajudar e a fortalecer o mercado local.

No final da minha palestra, um jovem muito tímido fez uma pergunta. A sua timidez era tanta que ele parou várias vezes para respirar fundo e tentar terminar a pergunta. Como já presenciei isso acontecendo com outros participantes em outros eventos, eu já estava preparado para a atitude padrão da galera de zoar o garoto, gritar tirando sarro e essas coisas toscas… Mas contrariando minhas expectativas, a galera ficou em silêncio, esperando que ele terminasse a pergunta, reconhecendo o seu esforço. Eu já vi em tantos eventos pessoas se esforçando pra fazer perguntas e desistindo por vergonha ou por causa da pressão causada pelos outros ouvintes e as vezes até se distanciando da carreira por causa dessas atitudes sem sentido de outros devs. Mas dessa vez foi bem diferente.

A experiência de viajar tantos quilômetros (só de carro foram 720km em um dia) foi bastante ótima (estou moído, mas foi ótima). Aprendi e entendi que investir na comunidade vale realmente a pena. O conhecimento que você compartilha, causa um grande impacto em várias pessoas que talvez você nem chegue a conhecer.

Essa história de ter ou não ter Código de Conduta em eventos é algo que deve sim ser discutido. Ter Códigos de Conduta nos eventos e Meetups só fortalece o respeito que os integrantes devem ter entre si. E isso é o mais importante: respeito. Fotografar o decote das mulheres que participam de um determinado evento é uma tremenda falta de respeito. Você zuar alguém iniciante que está tentando fazer uma pergunta é uma tremenda falta de respeito, incluindo uma série outras atitudes toscas que alguns integrantes e figurinhas carimbadas sempre praticam. Tudo isso, pra mim, são questões de respeito. Respeito esse que deveria ter sido aprendido em casa.

O Raphael Amorim escreveu um texto sobre como as comunidades estão morrendo e lá ele comenta sobre o significado da palavra comunidade.

Comunidade: s.f. Estado do que é comum; paridade; comunhão, identidade: comunidade de sentimentos.”

Todo mundo está no mesmo barco. Aprendendo junto. Se ferrando junto. Não adianta nada você ter uma série de iniciativas para incentivar o conhecimento na comunidade se por outro lado você sabota suas próprias iniciativas tendo atitudes “anti-comunidade”. É burrice.

Só o fato de ter um Código de Conduta, dizendo que as pessoas devem se respeitar e entender quais os limites de cada um já mostra o quão as pessoas estão quebradas. Eu estava desanimado com os rumos que a comunidade tem tomado, mas depois dessa viagem gigante, num feriado de 7 de Setembro, eu sei que a comunidade está no rumo certíssimo, só alguns dos integrantes que estão caminhando pro sentido errado. Mas é como um grande sábio disse uma vez em cima da montanha:

Faz acontecer que eu faço valer a pena.

E ainda nem cheguei em casa… 🙂

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