A síndrome de Gabriela

Certamente alguma vez já escutou alguém falar a seguinte frase “Meu, isso sempre foi assim. Desde que eu cheguei aqui, a gente sempre fez desse jeito e funciona!” principalmente se você trabalha em uma empresa com muitos anos de existência. A *Síndrome de Gabriela *(uma referência a Gabriela da novela que foi exibida em 1975
A síndrome de Gabriela

Certamente alguma vez já escutou alguém falar a seguinte frase

“Meu, isso sempre foi assim. Desde que eu cheguei aqui, a gente sempre fez desse
jeito e funciona!”

principalmente se você trabalha em uma empresa com muitos anos de existência. A
*Síndrome de Gabriela *(uma referência a Gabriela da
novela que foi exibida em 1975
e depois em 2012) é uma doença muito comum nas empresas. E pior, muitas vezes,
é um mal imperceptível por conta de já fazer parte da cultura das empresas e das
pessoas que lá estão.

E por que ela acontece com tanta frequência? Principalmente porque mudar dá (e
muito!) trabalho. Retirar aquele puxadinho que você tem naquele processo ou
aquela gambiarrinha que você tem naquele código, pode ser bem doloroso e
custoso também. E é aí que Gabriela vem e pega as pessoas pelo braço! As
pessoas tendem a assumir um estado de conforto, muito conhecido como cômodo. O
comodismo é uma das principais causas dessa síndrome. Se já está funcionando
assim, para que vamos mexer nisso, não é mesmo?

Vai além de fator psicológico

Nesse momento, apesar de não me aprofundar muito, esse fenômeno psicológico tem
explicação científica. A famosa zona de conforto não é clichê e sim uma área
onde nosso cérebro gosta de estar. Para diminuir nossa atividade cerebral, nós
precisamos automatizar partes da nossa vida (como dirigir, andar, respirar) para
que o cérebro dê conta de processar tudo. Imagina se tivéssemos que pensar para
respirar!

É exatamente por isso que, uma vez que estamos acostumados com um comportamento,
sempre vamos tender a pensar “Foi sempre assim.” ao invés de fazer
questionamentos do tipo “Será que sempre foi certo assim?”. O primeiro
pensamento não faz nenhum neurônio se movimentar, já o segundo é uma festa de
neurônios acordando (pra saber mais indico esses dois livros 1
e 2).

Além desse fator científico que pode estar nas pessoas, outro fator decisivo que
faz com que essa síndrome exista na sua empresa é o ambiente e a cultura que
existe nela. Muitas vezes, as pessoas querem mudar mas não o fazem por medo.
Ambientes em que as pessoas não conseguem se expressar livremente e expor
ideias, automaticamente cantarolam

Eu nasci assim, eu cresci assim. Eu sou mesmo assim Vou ser sempre assim

todos os dias. E aí das duas, uma: ou elas vão sair em algum momento ou se
acostumam com aquilo e se tornam cômodas.

Os sintomas são graves

Um grande problema de sua empresa ter contraído a Síndrome de Gabriela é que
ela provavelmente não deve estar conseguindo evoluir efetivamente. Pode haver a
falsa sensação de progresso, mas essa sensação está fundamentada em processos e
ações que, a longo prazo, podem se tornar insustentáveis. Resumindo: você não
está resolvendo seus problemas, está postergando-os.

Outro grande problema é que nesses ambientes é muito difícil que exista
inovação. No sentido mais simples da palavra, inovação significa “ação nova” e é
muito difícil inovar em um ambiente em que as pessoas não querem evoluir e mudar
a maneira como agem e fazem as coisas. E como sabemos, quem não inova está
propício a desaparecer!

Tem cura?

Uma possível “cura” para essa Síndrome está nas pessoas que não a contrai. Como
o nosso cérebro não funciona da mesma maneira para todas as pessoas, algumas
estão menos propícias ou são totalmente imunes à contraí-la. Essas pessoas podem
ser agentes de mudança nas organizações que estão sofrendo com esse mal.

Muitas vezes, quando alguém novo chega na empresa ou a organização dos times
muda e novas pessoas começam a trabalhar com outras, agentes de mudança
inconscientes entram em ação, questionando tudo que dizem que “sempre foi
assim”.

O principal remédio contra Gabriela é mudar. Mudar a maneira como fazemos as
coisas, como enxergamos o mundo e como entendemos o que é certo e errado. Por
isso volto a repetir: mudar, como já sabemos (e para os que não sabem, saibam
agora!) é muito difícil. É preciso coragem para realmente fazer mudanças que
tenham impacto verdadeiro. E aqui, não falo somente de ambientes empresarias,
mas da nossa vida também. A Síndrome de Gabriela é super contagiosa e pode estar
impedindo que você evolua como pessoa e profissional. Até quando você vai deixar
ela fazer parte da sua vida? Shake yourself!

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