Indo além no Mundo React-Native

Nos últimos meses resolvi aprofundar meus estudos no React Native. Após anos trabalhando apenas com desenvolvimento mobile nativo, um grande amigo me convenceu a experimentar esse novo framework. Confesso que até então, eu era um pouco reticente sobre frameworks que prometem entregar aplicativos nas duas plataformas (iOS e Android) a partir de um código único.
Indo além no Mundo React-Native

Nos últimos meses resolvi aprofundar meus estudos no React Native. Após anos trabalhando apenas com desenvolvimento mobile nativo, um grande amigo me convenceu a experimentar esse novo framework.

Confesso que até então, eu era um pouco reticente sobre frameworks que prometem entregar aplicativos nas duas plataformas (iOS e Android) a partir de um código único. Minha experiência com Cordova me dizia que isso não funcionava bem. A perfomance era sempre pobre e frustrante.

Se você ainda não acredita muito nesse tipo de solução, talvez seja a hora de você experimentar coisas novas. Acredito que, em breve, você também será um entusiasta dessa tecnologia.


Mergulhando um pouco mais fundo

Na internet, você encontra milhares de posts explicando como começar um projeto React-Native. Há tutoriais para todos os lados. O framework é simples e qualquer um com poucas horas irá conseguir criar uma tela básica. Entretanto, a situação é um pouco diferente quando falamos em integração com aplicações nativas e sobre escalabilidade.

Nesse post quero sair do óbvio e explorar um cenário diferente. Nada para iniciantes ou desenvolvedores que querem construir aplicações simples.

Faremos duas “aplicações” React-Native rodando em um mesmo aplicativo. Uma sobre a outra.

Overview

Inicialmente você poderá ter dificuldade em visualizar um motivo para construir tal cenário, mas tenha certeza que ao final desse post sua cabeça terá ideias malucas da aplicabilidade dessa brincadeira.

Começando

Depois do ambiente React-Native instalado na sua máquina, vamos inicializar um projeto React-Native com dois arquivos um chamado “App 1” e outro chamado “App2”.

Eu já disponibilizei um projeto em: https://github.com/oximer/react-inside-react

Editando e Empacotando o App 2

Agora, vamos começar editando o “App 2”.

Abra o arquivo “app2.js” e o modifique conforme o desejado. Nesse primeiro exemplo, não adicione imagens ou outros recursos. Em um outro post, posso explicar como é possível adicionar recursos dentro desse projeto.

Após a realização das alterações, faça o empacotamento desse projeto. Para isso acesse o folder base do teu projeto e execute o “react-native bundle”

react-native bundle — platform android — dev false — entry-file app2.js — bundle-output app2.jsbundle

react-native-bundle

Você observará que o empacotador irá criar um arquivo chamado app2.jsbundle. Esse arquivo é semelhante ao que o teu servidor node disponibiliza por padrão na porta 8081.

Caso você nunca tenha feito isso, como o servidor node rodando em algum outro projeto, acesse o endereço https://localhost:8081/index.android.bundle?dev=false&mimify=true&platform=android no teu browser. Olhe esse arquivo e o compare com o arquivo gerado pelo empacotador.

Editando e Empacotando o App 1

Após concluir a edição do App 2, vamos para a modificação do aplicativo “App 1”. Agora iremos modificar também as camadas nativas do Android.

Primeiro abra a pasta “android” do projeto 1 no Android Studio. Pegue o arquivo “app2.jsbundle” e o coloque dentro da pasta “assests” do projeto.

Agora vamos criar uma View que irá conter o App 1 e o App 2.

@Override
protected void onCreate(Bundle savedInstanceState) {
    super.onCreate(savedInstanceState);
    setContentView(R.layout.activity_main);

    ReactRootView app1RootView = new ReactRootView(getApplication());
    ReactInstanceManagerBuilder builder = ReactInstanceManager.builder()
            .setApplication(getApplication())
            .setDefaultHardwareBackBtnHandler(this)
            .setInitialLifecycleState(LifecycleState.RESUMED)
            .addPackage(new MainReactPackage())
            .setCurrentActivity(this)
            .setBundleAssetName("app1.jsbundle")
            .setJSMainModuleName("app1")
            .setUseDeveloperSupport(false);
    ReactInstanceManager appReactInstanceManager = builder.build();

    app1RootView.startReactApplication(appReactInstanceManager, "app1", null);
    LinearLayout linearLayout = (LinearLayout) findViewById(R.id.app1);
    linearLayout.addView(app1RootView);

    ReactRootView app2RootView = new ReactRootView(getApplication());
    builder = ReactInstanceManager.builder()
            .setApplication(getApplication())
            .setDefaultHardwareBackBtnHandler(this)
            .setInitialLifecycleState(LifecycleState.RESUMED)
            .addPackage(new MainReactPackage())
            .setCurrentActivity(this)
            .setBundleAssetName("app2.jsbundle")
            .setJSMainModuleName("app2")
            .setUseDeveloperSupport(false);
    ReactInstanceManager appReactInstanceManager2 = builder.build();

    app2RootView.startReactApplication(appReactInstanceManager2, "app2", null);
    FrameLayout frameLayout = (FrameLayout) findViewById(R.id.app2);
    frameLayout.addView(app2RootView);
}

Feito isso, volte para o mundo JS. Modifique o Aplicativo 1 e o empacote de maneira semelhante ao App2. Também, o coloque dentro da pasta “assets”

react-native bundle — platform android — dev false — entry-file app1.js — bundle-output app1.jsbundle

Resultado Final

finalResult

Visão Geral

Esse projeto pode lhe parecer um pouco maluco e sem serventia, mas lhe garanto que entendê-lo é um importante passo para compreender como o React-Native realmente funciona.

O famoso Code Push da Microsoft entende essa ideia muito bem e tira proveito dele. O Code Push serve esses arquivos estáticos em um servidor na internet e como isso consegue atualizar as aplicações 1 e 2 remotamente.

Outro aspecto interesse é o fato de cada aplicativo funcionar como uma sandbox. Eles não compartilham estados e variáveis. Eles são literalmente independentes e podem até mesmo ser desenvolvidos por times diferentes.

Experimente colocar um contador e um botão em cada um deles… Você verá que as aplicações são independentes.

Finalmente, entenda que não existe mágica no React-Native. O seu aplicativo é uma View como qualquer outra, nesse caso uma ReactRootView. O ReactInstanceManger é outra classe essencial para o desenvolvedor que irá integrar uma aplicação React em uma aplicação nativa já existente.

Nem tudo são flores

Ao optar pelo empacotamento estático, você fica sem algumas features legais do React-Native. Nada de reload ou hot-reload nesse cenário.

Vocês vêem alguma solução?

Eu vejo e posso detalhar mais em outros posts, mas lhes garanto que é possível colocar dois servidores node locais em sua máquina (cada um em uma porta) e ter as principais features de desenvolvimento do React.

Outro problema está relacionado à comunicação entre esses dois aplicativos. Se esses aplicativos são independentes, como eles se comunicam?

A resposta passa pela DeviceEventManagerModule e a criação de um ReactPackage. Elas exploraram a comunicação entre a camada Java e a camada Javascript.

Seria possível fazer isso no iOS? Sim, mas esse post já está longo demais.

Referências para iniciantes em português

https://tableless.com.br/react-native-construa-aplicacoes-moveis-nativas-com-javascript/
https://facebook.github.io/react-native/docs/getting-started.html
https://medium.com/react-native-training

Referências para iniciantes em inglês

https://www.raywenderlich.com/126063/react-native-tutorial

Curso pago, mas bem interessante para quem quer investir um pouco mais

https://www.udemy.com/the-complete-react-native-and-redux-course/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *