Vimos na parte I e parte II dos artigos sobre usabilidade em dispositivos móveis que as heurísticas permanecem praticamente as mesmas tanto para as aplicações móveis quanto convencionais, a diferença é o quão crítica ou severa elas se tornam para as aplicações móveis. Por este motivo, Thomas e Macredie propuseram em 2002 (sim, há 9 anos!) o paradigma da Nova Usabilidade.
“A usabilidade convencional e mais amplamente disseminada tem suas bases no paradigma do computador pessoal. Tecnologias e aplicativos emergentes, como telefones celulares, TV interativa e computação ubíqua, trazem novos desafios para a usabilidade e demandam uma análise crítica de seus pressupostos. A “nova usabilidade” busca metodologias, teorias e ferramentas que sejam adequadas às tecnologias e aplicativos emergentes.” [Workshop sobre “Usabilidade de Aplicações e Tecnologias Emergentes: a Necessidade de uma “Nova Usabilidade”?” no IHC 2006].
Este novo paradigma denota uma revisão a usabilidade com outro olhar para atender novos dispositivos e novas formas de interação. O que muda neste novo olhar sobre a usabilidade é basicamente o a abrangência contextual. Como assim? A usabilidade como conhecemos considera essencialmente o contexto da interação entre o usuário e o sistema e já vimos que isto traz limitações. Neste novo cenário, é preciso agregar novas variáveis sobre o contexto de uso:
- Informações dos hábitos e preferências do usuário
- O ambiente social do usuário
- As tarefas e objetivos do usuário
Agregando múltiplas informações de contexto e mais a necessidade de uso e os interesses do usuário em relação a estes dispositivos, temos uma amplitude do modelo do usuário. Isto permite flexibilizar interfaces para que elas se adaptem ao contexto de uso. Isto tem totalmente a ver com a Qualidade em Uso.
Para este primeiro contato com o tema, deixo aqui as seguintes reflexões adaptadas do artigo clássico de Thomas e Macredie:
- Quanto detalhe estamos perdendo com as metodologias tradicionais?
- Qual a função do teste de usabilidade na avaliação destas novas formas de interação?
- Quais metodologias de design e avaliação (teste/inspeção) são requeridas para garantir a facilidade de uso de tecnologias emergentes e ubíquas?
- Como as abordagens de design e avaliação de interfaces podem ser flexíveis para abranger tecnologias futuras?
No próximo artigo, serão abordados os novos desafios que este paradigma tenta solucionar.
Referências
IHC 2006. Workshop de Usabilidade de Aplicações e Tecnologias Emergentes: a Necessidade de uma “Nova Usabilidade”?. Disponível em: https://www.dimap.ufrn.br/ihc2006/workshop.php
Peter Thomas and Robert D. Macredie. 2002. Introduction to the new usability. ACM Trans. Comput.-Hum. Interact. 9, 2 (June 2002), 69-73. https://doi.acm.org/10.1145/513665.513666
Peter Thomas and Harold Thimbleby. 2002. The new usability: the challenge of designing for pervasive computing. In Proceedings of the 15th international conference on Computer communication (ICCC ’02), S. V. Raghavan and Sudhir P. Mudur (Eds.). International Council for Computer Communication, Washington, DC, USA, 382-388.
Kelma Madeira et al. Uma Avaliação do Orkut utilizando Personas sob a ótica da Nova Usabilidade. In: VIII Simpósio Brasileiro de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC 2008), Porto Alegre, 2008.